quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

O DESCASO DAS TRAGÉDIAS ANUNCIADAS

 

Em 1985, Gilberto Gil, cantor, compositor, ex-ministro da Cultura e ‘imortal’ da Academia Brasileira de Letras, já denunciava: “Nos barracos da cidade/Ninguém mais tem ilusão/No poder da autoridade/De tomar a decisão”.

Em 2008, o cronista e publicitário Joca Souza Leão detonava no Jornal do Commercio: “Das mais de setecentas favelas, pelo menos em trezentas as pessoas vivem na mais absoluta miséria. Casas de lata, de restos de madeira e papelão. Sobre palafitas ou na lama, boiando, literalmente, na merda. Encravadas em ribanceiras, como armadilhas engatilhadas, esperando as chuvas de junho para matarem seus moradores soterrados. (...) O Recife é uma favela só”.

Em 2014, nosso livro ‘Tá todo o mundo enganado!’ acrescentava: “No Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia... Tudo se repete! Do Norte ao Sul, o Brasil é uma favela só!”.

Resultado do descaso: em maio de 2022, 127 mortos e mais de 9.000 desabrigados no Grande Recife; e, agora, na tragédia ocorrida no Litoral Norte de São Paulo, 50 mortos e mais de 4.000 desabrigados. E pior: segundo a Defesa Civil Nacional, há cerca de 4 milhões de pessoas morando em aproximadamente 14 mil pontos de áreas de risco de desastre no Brasil!

Senhores prefeitos e governadores, que vergonha!

 

                                            Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

 

 


quarta-feira, 13 de maio de 2020

CANNABIS NAS FARMÁCIAS

Como diria Raul Seixas, nós devíamos estar contentes...

Afinal, produzido pelo Prati Donaduzzi, chegou às farmácias o primeiro produto "brasileiro" derivado da Cannabis, a popular maconha. Mas ao custo de R$ 2.143,30, por 30ml de canabidiol, não dá. Pior: segundo a Droga Raia, o preço nominal é R$ 2.500,00!

Esse é o resultado desta insana regulamentação da Anvisa, que exclui as associações e proíbe o cultivo no Brasil, deixando-nos nas mãos dos laboratórios, que têm seus custos elevados pela matéria-prima importada. E, assim, acessível apenas à minoria abastada da população.

Ao constatarmos que o preço médio do óleo artesanal de Cannabis fornecido pelas associações é de apenas R$ 250,00; e que varia entre R$ 150,00 e R$ 500,00, em função do teor de CBD/THC e do volume fornecido (60ml ou 100ml), fica claro o absurdo do preço cobrado nas farmácias, e o quanto a Anvisa necessita avançar com sua regulamentação.

Cannabis é vida!

Publicação original no Facebook da Cannape - Associação Canábica Medicinal de Pernambuco.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

4:20 - Contradições

Hoje, 20 de abril de 2020, é o Dia Internacional da Maconha.
Mas, infelizmente, exceto o Uruguai e o Canadá, ela continua proibida em todo o mundo!
Proibição essa que, baseada numa cruzada xenófoba, racista e recheada de fake news, começou há apenas 83 anos.
Portanto, ao contrário do que se possa imaginar, a Cannabis esteve na legalidade por quase toda a História da humanidade.
Contudo, apesar da luta de muitos, essa insana proibição vem se perpetuando.
Nessa luta, destacamos movimentos como a Marcha da Maconha; livros como o "O Rei Está Nu", de Jack Herer, que inspirou o nosso; filmes como "Grass", "Ilegal - A Vida Não Espera" e "Baseado Em Fatos Raciais"; Ongs como a Drug Policy Alliance - DPA, a LEAP - Law Enforcement Against Prohibition, os Policiais Antifascismo, a REFORMA e a ABRACE ESPERANÇA que, hoje, completa seis anos. - Parabéns!
Então, por que não obtemos êxito?
Provavelmente, devido a divisão na luta.
Hoje, graças ao simbolismo da data, mil e uma postagens. Algumas, contraditórias...
Assim, ao invés de nos juntarmos, nos separamos: por estrelismo, liderança e poder; por objetivo social, industrial e medicinal; e por diferenças de gênero e raça.
Enquanto isso, não percebem que o maior empecilho para a legalização é a monstruosa estrutura que foi criada para combater as drogas. Com centenas de milhares de cargos e mais de um trilhão de dólares!
Um mero exemplo: a DEA - Drug Enforcement Administration foi criada em 1973, nos Estados Unidos, com 1.470 agentes especiais e orçamento de U$ 75 milhões. Hoje, tem mais de 11.000 funcionários, em 67 países, e orçamento em torno de TRÊS BILHÕES DE DÓLARES!
Apesar disso, hoje, além da disponibilidade das redes sociais, contamos com a História e a ciência a nosso favor.
Portanto, devemos juntar todas as nossas forças a fim de levar informações à sociedade, visando obter o necessário apoio político para desestruturar o arsenal bélico desta nefasta 'Guerra às Drogas', notadamente, dirigida a negros e pobres.

terça-feira, 23 de maio de 2017

SEGURA A COISA!*

  
 O ‘Primeiro Grito pela República’ nas Américas foi dado pelo Sargento-Mor Bernardo Vieira de Melo, no dia 10 de novembro de 1710, em Olinda. – Proeza que o Hino de Pernambuco registra assim:

“A República é filha de Olinda,
Alva estrela que fulge e não finda
De esplender com seus raios de luz.
Liberdade! Um teu filho proclama!
Dos escravos o peito se inflama
Ante o Sol dessa terra da Cruz!”

 Ó linda situação para se construir a liberdade!

 Em 1975, antenada com o movimento mundial pró-legalização da maconha, a cidade de Olinda enfeitou suas ruas para a passagem do primeiro movimento explícito e organizado a favor da legalização da maconha no Brasil: o bloco carnavalesco Segura a Coisa. Cujo hino, alguns anos depois, seria composto por Miúcha:

“Segura a coisa
Que eu chego já
Eu não me seguro
Eu tenho que pular
Quero me perder
Quero me encontrar
Perto de você
Quando a loucura começar

O bumba batendo
Levantando fumaça
É o bloco cantando
Contente com a massa
Quero me perder
Quero me soltar
Perto de você
Quando a loucura me deixar”

Fundado pelo saudoso Negão Aldifas, Pii, Ângelo, Xirumba e tantas outras figuras dos arredores dos Quatro Cantos; direta ou indiretamente, teve um pouquinho de participação de toda Olinda.

Pasmem! Durante os primeiros anos, a fim de atender à demanda da erva, Bumba – famoso traficante – montava ponto onde se formavam imensas filas! Apesar disso e, logicamente, de inúmeros conflitos com a Polícia, o Bloco nunca deixou de sair.
 
Esse pioneirismo do Segura a Coisa, fica ainda mais espantoso ao lembrarmos que estávamos em plena ditadura militar. Naquele mesmo ano, o jornalista Vladimir Herzog seria "suicidado" nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo; e seis anos depois, viria a ocorrer o atentado do Riocentro, no Rio de Janeiro!

Vale ressaltar que a ideia de uma marcha internacional pela maconha só iria acontecer, na cidade de Nova York, em 1998. No Brasil, simplesmente denominada como ‘Marcha da Maconha’, chegou na cidade do Rio de Janeiro, em 2002. Contudo, só a partir de 2011, com o julgamento da ADPF 187 pelo Superior Tribunal Federal – STF, manifestações como essas ‘Marchas’ deixaram de ser consideradas como apologia às drogas ou ao crime.

De fato, além de não fazer apologia às drogas, o Segura a Coisa vai muito além de seus desfiles de Carnaval. Desde o início, sempre houve uma preocupação com sua responsabilidade social. Razão pela qual, incorporou à sua luta: o direito à educação, o direito à saúde, os direitos da mulher e, entre outros, o combate à homofobia.

Hoje, com blocos carnavalescos na defesa da maconha em quase todos os estados brasileiros, a exemplo de o ‘Planta na Mente’, que arrasta uma multidão no Rio de Janeiro; e o ‘BloCannabis’, que estreou com o pé direito em Brasília; sem sombra de dúvidas, podemos afirmar: o pioneirismo do Segura a Coisa vem fazendo escola.

Sob o comando de Okki Das Olinda, que diz: “Eles estavam errados. Há 42 anos nós já tínhamos razão!!!”, o Segura a coisa te espera às 23h59min da Quarta-Feira de Cinzas de 2018.

Nos vemos lá!






Negão Aldifas (Aldifas Santos - Integrante Imortal da Academia Olindense das Letras Etílicas e Herbíferas), o fundador do Segura a Coisa.
             Foto: Tiuré Poti                                           

(*) Artigo publicado originalmente no # 10 da Revista Maconha Brasil.


terça-feira, 18 de abril de 2017

MUITO ALÉM DO CIDADÃO KANE*

              E A ENGANAÇÃO VAI MUITO ALÉM DAS DROGAS...
              Após os ataques às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, com a população ainda assustada e temendo novos ataques terroristas, o presidente Bush teve todo apoio da mídia (e da população) para invadir o Iraque, em 2003. Para isso, afirmou que o regime de Saddam Hussein estava produzindo armas químico-biológicas de destruição em massa, que poderiam ser repassadas aos terroristas da “Al Qaeda”, de Osama bin Laden. Assim, escudado nessa MENTIRA, à revelia da ONU, os Estados Unidos invadiram o Iraque. – Numa guerra “vendida” como se fosse um videogame, com tecnologia de precisão cirúrgica, que só atingiria alvos militares ou terroristas, destruíram boa parte de Bagdá e 70% de Fallujah. Inescrupulosamente, usaram armas químicas (fósforo branco); torturaram prisioneiros; e massacraram a população civil, deixando – dependendo da fonte – mais de 100.000 ou de 650.000 mortos! Enfim, enforcaram Saddam Hussein e deixaram o Iraque no caos. Ah, logicamente, sem encontrar as inexistentes armas!
              Sabe o que é pior? Os Estados Unidos, o Reino Unido – principal aliado da coalizão –, a ONU, a mídia... Todos sabiam que o Iraque não tinha arma química nenhuma!
              No “Youtube”, assista a “THE WAR YOU DON’T SEE” (A GUERRA QUE VOCÊ NÃO VÊ), filme documentário dirigido por                                        John Pilger, 2010 – www.youtube.com/watch?v=pskjzl2czKg. E veja como, pela mídia, somos enganados! 
              Se mesmo nos Estados Unidos, com a audiência dividida entre 5 grandes redes de TV aberta (ABC, CBS, NBC, Fox e The CW) e uma poderosa rede de notícias a cabo (CNN), a opinião pública é manipulada... Imagine no Brasil, principalmente nos anos 80 – sem internet –, onde apenas 5,4% da população comprava jornais, e uma única rede de TV detinha mais de 70% da audiência dos telespectadores! – Isso não significa dizer que a população era desinformada, mas que a televisão era quase o seu único meio de informação. – Sobre drogas... e sobre tudo!               
              Lembra de William Randolph Hearst, o magnata das comunicações da “Cruzada Contra a Maconha”, cuja vida inspirou Orson Welles na criação de CIDADÃO KANE? Agora, vamos lhe falar de “Beyond Citizen Kane” (MUITO ALÉM DO CIDADÃO KANE), filme documentário britânico, dirigido por Simon Hartog, 1993. Ele retrata a posição dominante da Rede Globo e a influência, as conexões políticas e o poder do seu fundador, Roberto Marinho, comparando-o a Charles Foster Kane, o personagem criado por Orson Welles para o filme Cidadão Kane, em 1941. Segundo o documentário, a Rede Globo manipula notícias para influenciar a opinião pública. Entre os casos relatados, chama a atenção a tentativa de fraudar a eleição de Brizola para governador do Rio de Janeiro, em 1982 e a armação do debate decisivo da eleição de 1989, que na prática elegeu Fernando Collor. – A Rede Globo fez de tudo para proibir a exibição desse filme. No exterior, foi exibido no “Channel 4”, de Londres. No Brasil, nunca foi exibido nas televisões ou nos cinemas, mas circulou “livremente” nos circuitos universitários. Atualmente, há várias versões disponíveis no “Youtube”. Assista-o! E veja como somos manipulados!
               Se a mídia sustenta a mentira de interesse de terceiros (grupos econômicos, governantes, políticos e autoridades de saúde e de segurança), imagine quando o principal interessado é ela própria: a Rede Globo, a Editora Abril... a Flapress!
              Em primeiro lugar, o verdadeiro nome do campeonato brasileiro de 1987 é Copa Brasil. O nome massificado pela mídia, Copa União, era apenas o apelido do módulo verde.
              Contudo, no Rio de Janeiro, no “Verão da Lata”, a mentira se alastrava mais do que a maconha do Solana Star...
              Apesar disso, segundo o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, de 11 de setembro de 1987, pág. 27, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Otávio Pinto Guimarães, anunciou o acordo com o Clube dos 13, no dia 03 de setembro de 1987. O campeonato teria uma primeira divisão com 32 clubes, divididos em dois módulos, mantendo os 16 indicados pelo Clube dos 13 em uma das chaves, com o cruzamento final entre os dois melhores dos dois módulos. Portanto, tudo foi definido oito dias antes do início do campeonato.
              Fato que, em sua monografia para conclusão do curso de Jornalismo (“1987: O ANO SEM CAMPEÃO”, São Paulo, 2012), Esther Morel descreveu assim:

              “Ou seja: o primeiro e único regulamento da Copa Brasil era legítimo e garantia a definição do vencedor pelo cruzamento entre os módulos, além da classificação para a Libertadores. O poder de decisão foi dado ao diretor vascaíno, mas o problema é que, depois, o C13 não concordou com o que foi acatado por ele na reunião com a CBF.Grifamos.

              E para dobrar os renitentes, só nos resta recorrer ao versículo 65 da Bíblia! Ops, página 65 da Bíblia do Flamengo, Luís Miguel Pereira, Almedina, 2010:

              “Em 1987, o Campeonato Brasileiro foi dividido em dois módulos, verde e amarelo. O Flamengo venceu o primeiro enquanto o Sport ganhou o segundo. O regulamento previa o cruzamento dos dois campeões para apurar quem ficava com o título brasileiro desse ano. Mas o Flamengo se recusou a defrontar o Sport, por considerar a vitória no módulo verde chegava para ser campeão. A CBF promoveu então um encontro Sport e Guarani – 1º e 2º do módulo amarelo – para apurar o vencedor. O Sport venceu e foi declarado oficialmente campeão brasileiro de 1987. (...)Grifamos.             

              No entanto, a Rede Globo e os demais jornalistas integrantes da Flapress vêm invertendo os fatos e perpetuando a mentira. Para isso, dizem que a CBF e o SPORT modificaram o regulamento com o campeonato em andamento. Quando, na verdade, ocorreu o contrário: foi o Flamengo, o Clube dos 13 e o Conselho Nacional de Desportos - CND, que quiseram modificá-lo. Mas, na votação dos clubes participantes, não obtiveram a imprescindível unanimidade.             
              Todavia, acreditando na força do Clube dos 13, da Rede Globo e da Coca-Cola – patrocinadora do módulo verde –, o Flamengo, prepotentemente, furtou-se ao cruzamento com os vencedores do módulo amarelo. PERDEU POR W.O.!
              Na partida final, o SPORT venceu o Guarani por 1x0, que, como no ano anterior, foi vice-campeão brasileiro de novo! Assim, conforme publicou também o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, em 08 de fevereiro de 1988, pág. 28, o SPORT foi o campeão brasileiro de 1987. Por isso, mordazmente, Euritônio Pereira nos pôs a cantar:

“ (...) Da luta veio a vitória
Contra a escória do futebol
Castores, Tubinos, Bragas
E outras pragas da mesma escol
No gramado venceu contra quem jogou
E nos Tribunais deu em quem fugiu
Saudemos com orgulho e destemor
SPORT, CAMPEÃO DO BRASIL! (...)”
  
              E para que, de uma vez por todas, essa história tivesse fim, no dia 08 de abril de 2014, com uma goleada de 4x1, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), cujo Acórdão foi publicado no dia 30 de setembro de 2014, a Justiça brasileira ratificou:

“O SPORT É O ÚNICO CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1987!”

              Antes do seu decisivo voto em favor do SPORT, o Ministro SIDNEI BENETI fez questão de frisar:

              “Permita-se, por fim, ressaltar a importância social imensa do respeito à coisa julgada, produzida pelos julgamentos do Poder Judiciário, de modo que o exemplo, em setor de grande repercussão geral como o esporte, produz relevante efeito pedagógico para toda a sociedade.

              Recentemente, questionado sobre o porquê do lançamento da camisa Diego Souza 87, o presidente do SPORT, João Humberto Martorelli, respondeu:

              “Foi para nossa torcida. Agora, se a torcida do Flamengo ficar chateada, direito dela. É o que chamo de 'júris esperneantes', o direito de espernear.” 



1 - Estevam, capitão do SPORT, levantando a Taça de Bolinhas, 1988.
2 - Diego Souza, novo craque do SPORT, chegando ao Recife, 2014.
Fotos: 1 - Arquivo/DP/D.A Press; e 2 - Lucas Liausu
              

              E, como diria Chicó, personagem de Ariano “Felicidade é torcer pelo Sport” Suassuna: SÓ SEI QUE FOI ASSIM!

(*) Artigo publicado originalmente no posfácio de nosso livro 'Tá todo o mundo enganado!', editado pela Editora Babecco, em Olinda, 2014.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Conheça a história do Polígono da Maconha

Conheça a história do Polígono da Maconha





Em 1867, o escritor, cientista, explorador e capitão inglês sir Richard Francis Burton percorreu o Rio São Francisco de Minas Gerais até a sua foz, em Sergipe. E, nas suas margens, visando às valiosas fibras do cânhamo, identificou condições ideais para a plantação de Cannabis. Cerca de um século depois, curiosamente, nascia ali o Polígono da Maconha!
Os registros de plantações e do consumo social de maconha feitos pelo médico neurologista pernambucano Jarbas Pernambucano, nos anos 1930; e pelo sociólogo americano Donald Pierson, nos anos 1950; comprovam a antiga presença da maconha no Polígono formado por 13 cidades de Pernambuco e da Bahia, na região do Baixo e Submédio São Francisco.
O Polígono da Maconha inclui 13 cidades do sertão pernambucano e baiano. Ao norte, desponta outro polo produtor de cannabis no Maranhão e Pará.
O Polígono da Maconha inclui 13 cidades do sertão pernambucano e baiano. Ao norte, desponta outro polo produtor de cannabis no Maranhão e Pará.
No entanto, em 1946, a Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes (CNFE), criada em 1936 e regulamentada pelo Decreto-Lei nº 891/38, promoveu o Convênio Interestadual da Maconha, em Salvador. O relatório final aprovado, entre outras coisas, diz: destruição das plantações de maconha, limitada a sua produção para fins médicos ou industriais.
Apesar disso, nos anos 1970, a fim de atender uma crescente demanda, a região começou a fornecer maconha às principais capitais brasileiras. Razão pela qual, passou a ser chamada, pejorativamente, de Polígono da Maconha.
Nos anos 1990, consolidou-se como a principal fornecedora de maconha do Brasil, inclusive com as lendárias estirpes de sativas “Manga Rosa”, “Cabeça-de-nego” e “Cabrobó”.
Repressão
A partir daí, a repressão foi aumentando cada vez mais, culminando no final de 1999 na Operação Mandacaru, que utilizou 1.200 militares das Forças Armadas, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Bombeiros e Polícias Militares da Bahia e Pernambuco, ao custo de R$ 7.500.000,00.
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Ao final da Operação, o general Alberto Cardoso e outras autoridades governamentais se vangloriavam referindo-se à região como “antigo polígono” ou “ex-polígono da maconha”.
Todavia, em 2004, segundo o pesquisador Jorge Atílio Silva Iulianelli, o Ministério Público do Trabalho do Estado de Pernambuco estimava que a mão de obra utilizada no Polígono da Maconha era de 40 mil trabalhadores.
Diante disso, as operações da Polícia Federal foram intensificadas e muitos plantadores deslocaram-se para outros estados, principalmente para o Pará e o Maranhão. No Polígono, a fim de dificultar o acesso policial, passaram a cultivar nas áreas de Caatinga e nas ilhas do Rio São Francisco.
Segundo o sociólogo e professor Paulo Cesar Pontes Fraga, o Polígono da Maconha ainda atende cerca de 40% do mercado brasileiro.
Ilegal e com a Polícia Federal fazendo operações a cada três meses, a qualidade da maconha do Polígono fica muito longe do ideal. Mas sem sombra de dúvidas, é bem melhor do que a maconha prensada paraguaia, principal beneficiada pelo “sucesso” das caríssimas operações “enxuga gelo” da Polícia Federal!
*Por Ubirajara Ramos, auditor fiscal e autor do livro Tá todo o mundo enganado!
Artigo publicado originalmente por maryjuana.com.br, em 25 Jul 2016.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Reportagem sobre o nosso livro "Tá todo o mundo enganado!" no Bom Dia Mirante



Caros Internautas,


No dia 06 de outubro, o nosso livro Tá Todo O Mundo 
Enganado! - Sobre a Maconha e a Política de Guerra às Drogas Mundial foi lançado dentro da programação da 9ª FeliS - Feira do Livro de São Luís.

Na ocasião, concedemos uma entrevista ao repórter Werton Araújo, da TV Mirante, Rede Globo, São Luís, que foi exibida, no dia seguinte, no BOM DIA MIRANTE.

Vejam a reportagem no link abaixo.


O livro está à venda, com remessa para todo o Brasil, através da Livraria Virtual da Editora Babecco:

Abração!